Jerusalém (AFP)
- Uma nova onda de ataques a facadas e disparos sacudiu nesta
sexta-feira Israel e os territórios ocupados, incluindo a primeira
agressão de um judeu contra árabes, em uma escalada de violência que o
líder do Hamas classificou de nova Intifada.
"Pedimos
para reforçar e intensificar a Intifada. É o único caminho que levará à
libertação dos territórios ocupados", afirmou Ismael Haniyeh, chefe do
Hamas em Gaza, durante a oração muçulmana semanal em uma mesquita em
Gaza.
"Gaza cumprirá seu papel na Intifada de
Jerusalém e está mais que disposta ao confronto", acrescentou, afirmando
que a atual onda de violência é uma nova Intifada, a exemplo da revolta
palestina de 1987 e 2000.
Nesta sexta, um
judeu esfaqueou quatro homens - árabes israelenses ou palestinos - na
cidade de Dimona (sul de Israel) antes de ser detido.
O agressor, com antecedentes policiais, alegou ter atacado os homens porque "todos os árabes são terroristas".
Esse
é o primeiro ataque com faca cometido por um judeu contra árabes
israelenses ou palestinos desde o início, no sábado, de uma onda de
agressões similares contra israelenses.
Em
plena escalada de violência na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, os
árabes israelenses, 17,5% da população de Israel, começaram nos últimos
dias a protestar em favor dos palestinos.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, condenou este ataque.
"O
primeiro-ministro condena firmemente o ataque contra árabes inocentes
(...) A justiça perseguirá quem exercer a violência e violar a lei, seja
qual for o lado em que estiver", segundo um comunicado publicado por
seus serviços.
Pouco depois, um adolescente
judeu de 16 anos ficou levemente ferido a facadas por um palestino de 18
anos, em uma rua próxima à grande artéria que separa os bairros judeus
ortodoxos dos bairros palestinos.
A escalada de
violência prosseguiu com um palestino que feriu levemente com uma faca
policial israelense, antes de ser abatido, em uma colônia israelense da
Cisjordania ocupada, e com uma tentativa de ataque com faca por parte de
uma mulher no norte de Israel, que depois foi ferida a bala.
O
conflito chegou à fronteira com Gaza, onde cinco palestinos foram
mortos por disparos israelenses, que responderam a um ataque com pedras
jogadas contra eles.
Estes são os primeiros
palestinos mortos na Faixa de Gaza desde o início da escalada de
violência entre palestinos e israelenses.
Outros 25 habitantes de Gaza ficaram feridos, vários gravemente, nesses confrontos.
"Cerca
de 200 palestinos se aproximaram na barreira de segurança, jogando
pedras e queimando pneus, e as forças de segurança israelenses
responderam disparando contra os principais instigadores para evitar que
avançassem e para dispersá-los", informou uma porta-voz do exército
israelense.
Onda de terrorismo
Netanyahu
denunciou na véspera que Israel enfrenta uma "onda de terrorismo",
principalmente não organizado, mas favorecido pela incitação ao ódio da
parte da Autoridade Palestina, do movimento islamita Hamas e de alguns
países regionais.
Netanyahu, que se expressou
durante uma coletiva de imprensa, prometeu agir com "determinação"
contra a violência, mas reconheceu que não há "solução mágica" para
combatê-la.
Muitos israelenses começam a olhar
por sobre os ombros, enquanto um telefonema para a polícia relatando uma
pessoa suspeita de portar um objeto semelhante a uma faca em Jerusalém
Ocidental provocou uma enorme mobilização policial.
Em
meio à tensão, Israel começou a instalar detectores de metais na Cidade
Velha de Jerusalém, importante centro religioso e turístico.
Normalmente
muito movimentadas, as ruas da Cidade Velha de Jerusalém Oriental, a
parte palestina de Jerusalém anexada e ocupada por Israel, eram ocupadas
na quinta por centenas de policiais e apenas alguns turistas e
peregrinos.
A nova onda de violência tem
provocado há uma semana comparações com as Intifadas palestinas de 1987 e
2000. Os palestinos, em sua maioria jovens, têm deixado sua raiva
contra décadas de ocupação explodir.
Neste
contexto, Israel voltou a proibir o acesso à Esplanada das Mesquitas aos
homens com menos de 50 anos durante a grande orações muçulmana de
sexta-feira.
Tais restrições de idade,
regularmente promulgadas em momentos de tensão, são concebidas como uma
tentativa de reduzir o risco de confrontos no interior e nas imediações
da Esplanada, terceiro lugar mais sagrado do Islã.
Centenas
de judeus se manifestaram na noite de quinta-feira em Jerusalém,
gritando "morte aos árabes" e "se não houver árabes, não atentados".
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