domingo, 14 de junho de 2009

Ahmadinejad nega acusações de fraude e diz que vitória é do povo

Teerã

O presidente iraniano reeleito, Mahmoud Ahmadinejad, negou neste sábado (13) que tenha havido fraude nas eleições presidenciais. Em discurso na televisão estatal, Ahmadinejad qualificou as eleições de "justas" e felicitou os que trabalharam no processo porque, em sua opinião, "fizeram um trabalho impecável".

* AFP

Antes de sua surpreendente vitória nas eleições presidenciais de 2005, Mahmoud Ahmadinejad foi prefeito da capital Teerã. Filho de um ferreiro, mudou-se do norte do Irã para a capital com sua família durante a infância; mais tarde, doutorou-se em engenharia civil. Durante a corrida eleitoral de quatro anos atrás, Ahmadinejad prometeu dedicar aos pobres o dinheiro que o país consegue com o petróleo, mas durante seu governo o país encontrou graves problemas econômicos (em parte devido a sanções internacionais), que agora são denunciados pelos outros candidatos presidenciais. Ahmadinejad ficou conhecido por seus comentários polêmicos, entre os quais a negação do Holocausto, o desejo de "tirar Israel do mapa" e declarações homofóbicas. Ele reivindica o direito de enriquecer urânio no Irã para gerar energia elétrica, um programa que Israel e os Estados Unidos acusam de ter fins bélicos


A Comissão Eleitoral Iraniana divulgou hoje a vitória no primeiro turno do atual presidente iraniano, que conseguiu 62,63% dos votos (24.527.516), o dobro de votos do segundo colocado, o reformista ex-primeiro-ministro Mir Hossein Mousavi.

Mousavi ficou com 33,75% (13.216.411) da preferência dos eleitores. Os outros dois candidatos - o conservador Mohsen Rezaei teve 1,73% e o clérigo reformista Mehdi Karrubi ficou com 0,85%.

A campanha do candidato reformista pediu ao Conselho de Guardiães do Irã que revise os "erros" ocorridos nas eleições presidenciais e anule seu resultado. O resultado provocou uma série de confrontos nas ruas de Teerã. Centenas de voluntários da milícia islâmica "Basij" tomaram os arredores do Ministério do Interior e da sede do candidato opositor.

O líder supremo da Irã, o aiatolá Ali Khamenei, saiu em defesa da vitória de Ahmadinejad e pediu aos candidatos derrotados que aceitem os resultados das eleições.

Disputas internas
Samareh Hachemi, chefe de campanha do presidente ultraconservador, qualificou de propaganda e ato de irresponsabilidade a decisão de Moussavi de reclamar também a vitória e afirmou que a derrota é o episódio final de três meses de irrealidade.

Ahmadinejad "é o presidente de todos os iranianos". "Os outros candidatos devem respeitar o desejo do povo, respeitar as regras democráticas e ajudar a criar uma atmosfera sã que elimine as tensões", afirmou. "A diferença de milhões de votos demonstra quem são aqueles que têm mentido", completou Hachemi.

Os dois candidatos chegaram a cantar vitória antes da apuração dos votos. A agência oficial Irna anunciou a vitória de Ahmadinejad, pouco depois de seu principal adversário ter reivindicado o triunfo no primeiro turno. Os resultados finais devem ser validados e ratificados pelo Conselho de Guardiães.

A votação começou às 8h (local) de ontem. Segundo os primeiros dados divulgados pelo Ministério do Interior, a participação dos eleitores foi de 75%, quase um recorde. As filas adiaram o fechamento dos locais de votação em mais de quatro horas, para que todos os eleitores pudessem votar. O eleito toma posse em setembro.

A eleição também foi marcada por denúncias de supostas irregularidades pela direção de campanha de Mousavi que teriam sido cometidas em diferentes colégios do Teerã. "Mais de 40% dos colégios da capital ficaram sem observadores", disse Ali Akbar, chefe do comitê de supervisão dos votos do candidato.
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Um grupo de desconhecidos atacou com bombas de fumaça uma das sedes eleitorais de Moussavi, sem deixar feridos, em um ato que causou pânico entre os eleitores, informou a agência EFE.

Em uma campanha que fez transparecer extremos da sociedade iraniana, jovens e mulheres clamaram por mudança nas ruas do Teerã, apoiando o líder reformista Hossein Mousavi.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou ontem acreditar em mudança no país. "Estamos entusiasmados de que haja, ao que parece, um forte debate no Irã", declarou à imprensa.

Campanha
A campanha refletiu as divisões profundas sobre o futuro do Irã, depois de quatro anos de mandato de Ahmadinejad. Os adversários criticaram a retórica violenta de Ahmadinejad durante a crise nuclear e contra Israel, o que contribuiu para isolar o país no cenário internacional.

O presidente ultraconservador retomou a bandeira da justiça social e da defesa dos mais pobres, que já havia usado em 2005. Endureceu o discurso com ataques pessoais contra Mussavi, a quem acusou de ser apoiado pelos "aproveitadores" do regime.

Mussavi, que retornou à vida política iraniana com força após 20 anos de ausência, denunciou as "mentiras" do presidente sobre seu balanço econômico e sua política populista.

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