quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Um só Governo para dois 'eleitos'

Jerusalém, 11 fev (EFE).- A centrista Tzipi Livni e o conservador Benjamin Netanyahu começaram hoje seus contatos para tentar formar o Governo em Israel após a pequena vantagem da primeira na eleição de ontem, uma disputa com a direita ultranacionalista como provável árbitro.

Israel amanheceu em um limbo político, refletido nas conversas da rua e nos comentários da imprensa, que destacam a confusão do eleitorado e a sensação de que tudo é possível e que a balança pode pender para um lado ou para o outro -ou até para os dois ao mesmo tempo.

Com 99% dos votos apurados, o partido centrista Kadima, liderado pela ministra de Relações Exteriores Livni se coloca em primeiro lugar, com 28 cadeiras, das 120 que compõem o Parlamento israelense (Knesset), seguido pelo direitista Likud de Netanyahu, com 27, apenas uma a menos.

O complexo sistema parlamentar de Israel obriga os candidatos a primeiro-ministro a formarem coalizões com outros partidos, o que e, princípio beneficiaria Netanyahu, que poderia desfrutar de uma maioria mais estável, comparado ao Kadima.

Aliado aos partidos de seu entorno ideológico, o líder do Likud pode formar uma coalizão de até 65 deputados, enquanto Livni reuniria no máximo 55, e isso se incluir 11 deputados árabes, que. poucas horas após conhecerem os resultados. já haviam lhe negado apoio.

Netanyahu reuniu-se hoje com Eli Yishai, dirigente do partido judeu ortodoxo sefardita Shas, que obteve 11 deputados, para analisar a possibilidade de eles se somarem a uma eventual coalizão de Governo, informou a rádio pública israelense.

Por sua vez, Livni também não perdeu tempo e reuniu-se com Avigdor Lieberman, líder do terceiro partido mais votado no pleito de ontem com 15 cadeiras, o direitista e ultranacionalista Yisrael Beiteinu (Israel é a Nossa Casa), após encontrar o dirigente do bloco pacifista Meretz, Jaim Oron, que só conseguiu três vagas.

O partido de Lieberman, que despertou a simpatia de importantes setores da população com uma mensagem direta e propostas como fazer um "teste de lealdade" aos cidadãos árabe do país, também fez uma reunião interna para estudar qual dos candidatos é mais apropriado para eles se unirem.

Em meio aos contatos iniciais, o Partido Trabalhista, liderado pelo atual ministro da Defesa e ex-premeiro-ministro Ehud Barak, anunciou sua intenção de fazer parte da oposição e não integrar nenhuma coalizão de Governo, após sofrer a derrota mais desanimadora de sua história.

Já sem o presidente e prêmio Nobel da Paz de 1994 Shimon Peres, que deixou o partido em dezembro de 2005, os trabalhistas obtiveram apenas 13 deputados, ficando em um mero quarto lugar na votação.

Integrantes do partido Kadima descartaram a possibilidade de ele se aliar ao Likud para formar uma coalizão de Governo, o que incluiria um Executivo com liderança rotativa entre Livni e Netanyahu -por exemplo, cada um governando por dois anos dos quatro da legislatura-, uma opção que alguns analistas haviam apontado.

Analistas políticos acham que Netanyahu está em melhor posição que Livni para formar uma coalizão de Governo, inclusive sem o Kadima nem o Yisrael Beiteinu.

Diante a incerteza dos israelenses de não saber com certeza quem será seu futuro primeiro-ministro não faltaram alfinetadas de humor.

O programa de paródias líder de audiência em Israel, denominado "País Maravilhoso", já apontava a situação de bicefalia momentânea ontem à noite, quando dois de seus humoristas imitando Livni e Netanyahu apareciam de forma simultânea em discurso de vitória no qual se proclamavam vencedores até que Lieberman aparecia com a intenção de instaurar uma ditadura.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Hamas favorável a uma trégua de um ano com Isrel em Gaza

GAZA, 2 Fev 2009 (AFP) - O Hamas é favorável a uma trégua de um ano com Israel na Faixa de Gaza sob a condição de que sejam abertas as passagens nesse território, afirmou o porta-voz do movimento radical palestino.

"Estamos de acordo a princípio com uma trégua de um ano. Os mediadores egípcios prouseram um ano e meio e nós não fechamos totamente a porta para essa idéia. Que se seja um ano ou um ano e meio, isso dependerá da abertura dos pontos de passagem e a suspensão do bloqueio", afirmou Fawzi Barhoum.

Israel e o Hamas negociam, com a mediação do Egito, uma trégua que consolide o cessar-fogo de 18 janeiro, que pôs fim à ofensiva israelense de 22 dias na Faixa de Gaza.

Uma delegação do Hamas está presente no Cairo nesta segunda-feira para dar a resposta do movimento às propostas egípcias.

Enquanto isso, Israel voltou a bombardear nesta segunda a FAixa de Gaza, depois de anunciou uma "resposta desproporcional" aos disparos de foguetes realizados desse território contra o sul de seu país.

Pelo menos um palestino morreu e quatro ficaram feridos em um ataque aéreo israelense. Soldados israelenses também mataram um palestino que disparou contra eles no sul da Cisjordânia.

Um porta-voz militar confirmou que os soldados foram alvo de disparos antes de responder.

No domingo, a aviação israelense bombardeou uma delegacia de polícia, no centro da Faixa de Gaza, sem vítimas no ataque.

O fato aconteceu logo após a advertência do primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, de que o Estado hebreu reagirá de forma "severa e desproporcional" aos disparos de foguetes palestinos a partir da Faixa de Gaza.

"Já dissemos que se foguetes forem disparados contra o sul do país, haverá uma resposta israelense", declarou Olmert à imprensa na abertura semanal do conselho de ministros.

"Dei a instrução ao Exército, através do ministro da Defesa, de preparar uma resposta israelense adaptada às circunstâncias, e esta resposta será dada no momento e no lugar que teremos escolhidos", acrescentou.

"Não aceitaremos uma volta à situação anterior, e vamos agir de forma a acabar com os disparos constantes de foguetes, que impedem os habitantes do sul de Israel de terem uma vida normal", prosseguiu o premier.

O ministro da Defesa, Ehud Barak, afirmou por sua vez que Israel "empreenderá todas as ações que forem necessárias". "O Hamas já recebeu um duro golpe, e se for necessário receberá outros", advertiu.

Quatro foguetes palestinos explodiram neste domingo no sul de Israel, sem deixar vítimas nem danos materiais, informou o Exército israelense.

Pelo menos sete foguetes foram disparados contra Israel desde a instauração do cessar-fogo que pôs um fim à ofensiva israelense, na qual morreram mais de 1.300 palestinos da Faixa de Gaza entre os dias 27 de dezembro e 18 de janeiro.

Há duas semanas, Israel e o Hamas declararam cessar-fogo após três semanas de ofensiva militar israelense contra a Faixa de Gaza que causou a morte de cerca de 1.300 palestinos, muitos deles civis, além de dez soldados israelenses. Outros três civis israelenses foram mortos em conseqüência dos ataques com foguetes palestinos.

"Já dissemos que se houver novos disparos de foguetes contra o sul do país, haverá resposta israelense desproporcional ao fogo contra os cidadãos de Israel", afirmou Olmert.