quarta-feira, 25 de março de 2009

Irã aceitou convite para conferência sobre Afeganistão, diz ministro holandês

colaboração para a Folha Online

O Irã aceitou o convite para participar de uma conferência das Nações Unidas sobre o Afeganistão na próxima semana, que também contará com a presença dos Estados Unidos, disse nesta quarta-feira Maxime Verhagen, ministro das Relações Exteriores da Holanda, país onde o encontro será realizado.

O convite para o Irã, que foi anunciado pela primeira vez pela secretária de Estado americana, Hillary Clinton, foi visto como parte da política de Washington para alcançar maior interação com a República Islâmica.

O Irã faz fronteira com Províncias produtoras de ópio do Afeganistão e tem se tornado um dos principais corredores para o tráfico da droga.

O ministro das Relações Exteriores da Holanda, que confirmou a participação do Irã, disse que ainda não sabia quem seria o representante iraniano no encontro. "O Irã deu sinais de que vai participar da conferência, mas em que nível, e quem vai participar não está claro", afirmou.

Verhagen disse que o convite se encaixa na abordagem dupla da Europa de oferecer incentivos ao Irã para cooperar com a comunidade internacional, mantendo as sanções contra seu programa nuclear.

"É de extrema importância que o Irã esteja participando", disse Verhagen.

O presidente americano, Barack Obama, Obama tem dito que os EUA não estão vencendo a luta contra a insurgência liderada pelo grupo islâmico fundamentalista Taleban, e ordenou o envio de mais 17 mil soldados para o país no mês passado. Ele está preparando uma revisão das políticas para o Afeganistão, extensiva a áreas do território paquistanês próximas à fronteira, onde insurgentes se refugiam.

O Taleban, que dominou o Afeganistão até ser derrubado em 2001 por uma aliança ocidental após os ataques de 11 de Setembro, fortaleceu-se nos últimos dois anos e tem ameaçado a estabilidade do país. O governo americano teme que a violência afete as eleições afegãs marcadas para agosto deste ano.

Verhagen disse que a revisão das políticas americanas deve "levar em conta que não existe uma solução única para o Afeganistão." A política deve ser, segundo ele, "uma abordagem global de desenvolvimento, boa administração e segurança."

Embora a Conferência da Haia tenha sido programada para durar apenas sete horas, os funcionários disseram que diplomatas importantes, chefiados pelo alto representante da ONU para o Afeganistão, Kai Eide, estão trabalhando em uma declaração conjunta em que se comprometem a apoiar a estabilidade e o desenvolvimento do Afeganistão. A reunião será aberta pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e pelo presidente afegão, Hamid Karzai.

No ano passado, uma conferência semelhante em Paris encerrou-se com promessas de US$ 20 bilhões para Cabul, mas a reunião de Haia não se destina a levantar fundos ou a discutir ajuda militar ao governo.

Essas questões têm mais chance de surgir em outras reuniões multinacionais agendadas para a próxima semana sobre o Afeganistão.

Elas incluem uma cúpula da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), uma de Obama na República Checa com dirigentes europeus e uma reunião em Moscou patrocinada pela Organização de Cooperação de Xangai, que inclui a Rússia, a China e vários países da Ásia Central.

O encontro de Haia inclui todos os países que contribuíram para a força da Otan no Afeganistão, que tem cerca de 55 mil soldados de 26 países da Otan e de 15 outros países. A Rússia, o Banco Mundial, o FMI (Fundo Monetário Internacional) e grupos humanitários também foram convidados para a reunião que deve ter a participação de cerca de 80 países e de 20 organizações internacionais.

Com Associated Press e Reuters