domingo, 16 de maio de 2010

Lula reúne-se com Ahmadinejad no Irã

do UOL Notícias

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu-se neste domingo com o líder iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, em Teerã. O presidente brasileiro viajou ao Irã para apresentar ao governo do país uma proposta conjunta do Brasil e da Turquia para um possível acordo sobre o programa nuclear do país.

Segundo a agência estatal iraniana IRNA, Lula falou pela manhã a portas fechadas com o presidente Ahmadinejad. A agência não divulgou detalhes da conversa dos dois líderes.

O Conselho de Segurança da ONU pretende adotar novas sanções contra o Irã, já que alguns integrantes do Conselho - como os Estados Unidos - desconfiam das intenções do governo de Teerã quanto ao seu programa nuclear.

O governo iraniano sustenta que seu programa nuclear tem fins pacíficos, e que o país não pretende desenvolver armas nucleares. O Brasil e a Turquia elaboraram um plano que está sendo levado por Lula a Ahmadinejad. Na sexta-feira, em encontro com Lula em Moscou, o presidente russo, Dmitri Medvedev, disse que a proposta do Brasil e da Turquia seria a última chance do Irã de evitar as sanções da ONU.

A base da proposta turca e brasileira continuaria sendo o plano da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, um órgão da ONU), do final do ano passado, que prevê o enriquecimento do urânio iraniano em outro país em níveis que possibilitariam sua utilização para uso civil, não militar.

Ainda neste domingo, Lula deve encontrar-se com o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, entre outras reuniões com a comitiva brasileira e um encontro com o presidente do Parlamento do Irã, Ali Larijani.

No sábado, Lula e a comitiva presidencial foram recebidos no aeroporto em Teerã pelo ministro das Relações Exteriores Manouchehr Mottaki, que Lula deve voltar a encontrar no domingo.

Na segunda-feira, o presidente participa de uma reunião do G15, um grupo de cooperação entre países em desenvolvimento não-alinhados. Além de Brasil e Irã, participam do G15 Argélia, Argentina, Chile, Egito, Índia, Indonésia, Jamaica, Malásia, México, Nigéria, Quênia, Senegal, Sri Lanka, Venezuela e Zimbábue.

Em Doha Antes de embarcar para o Irã, em Doha, no Catar, Lula disse não entender o ceticismo da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, sobre a possibilidade de o Irã mudar sua postura sobre o seu programa nuclear através do diálogo.

Na sexta-feira, Hillary Clinton reafirmou o ceticismo dos Estados Unidos quanto às chances de sucesso no diálogo com o o Irã.

Perguntando sobre a declaração de Hillary durante uma entrevista coletiva em Doha, o presidente brasileiro respondeu sem citar o nome da secretária de Estado americana.

"Eu não sei com base no que as pessoas falam [isso]", disse Lula.

"Não é porque o meu time não ganhou o jogo de ontem que ele não pode ganhar o jogo de amanhã", afirmou o presidente na entrevista concedida após o encontro com o emir do Catar, Hamad bin Khalifa Al Thani.

Lual ainda respondeu sobre as declarações de Estados Unidos e Rússia de que a proposta de Brasil e Turquia seria a "última chance" para o Irã de evitar sanções mais duras.

"Não sei, não quero ser fatalista. A política existe exatamente para você exercitá-la na sua plenitude, para tentar conversar, convencer", disse.

Sobre as expectativas em torno de resultados de sua viagem ao Irã, Lula declarou que era uma missão tranquila.

"As pessoas criam uma expectativa exagerada sobre um assunto em que o Brasil está muito à vontade. O Brasil é um país que não tem armas nucleares, não é membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. O Brasil pode é contribuir." Amigos Lula ainda disse que a negociação entre Brasil e Irã é entre dois países amigos.

"É um país amigo que quer ajudar um outro país amigo a evitar que aconteça alguma coisa pior, que é o que pode acontecer se não houver uma decisão do Irã de firmar um acordo com a agência nuclear." Ele afirmou que a conversa que terá com o presidente Ahmadinejad será de muita franqueza e lamentou que outros presidentes não tenham conversado com o presidente iraniano.

"Se é uma coisa importante, que está no Conselho de Segurança da ONU, todos os presidentes de países que são membros permanentes deveriam ter a preocupação e o cuidado de fazer todas as conversas possíveis. Nessa hora não existe limite de tempo de conversa. Você tem de conversar para ver se consegue evitar um mal maior".

No final, Lula também disse que queria ver o Irã com uma postura pacífica parecida com a brasileira em relação às armas nucleares.

"O que eu quero é que o Irã faça o mesmo que o Brasil faz", finalizou.

sábado, 15 de maio de 2010

Lula busca apoio no Catar para possível acordo com Irã

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou na noite desta sexta-feira ao Catar para um encontro com o emir Hamad bin Khalifa Al Thani para discutir a questão iraniana, outros temas regionais e investimentos conjuntos.

Lula viaja ao Irã no sábado para apresentar ao colega iraniano Mahmoud Ahmadinejad uma nova proposta conjunta do Brasil e da Turquia para um possível acordo com Teerã sobre seu programa nuclear.

A base deste acordo, no entanto, continuaria sendo a proposta da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, um órgão da ONU), do final do ano passado, que prevê o enriquecimento do urânio iraniano em outro país em níveis que possibilitariam sua utilização para uso civil, não militar.

Segundo o embaixador brasileiro na capital do Catar, Doha, Anuar Nahes, o Brasil apresentará uma nova proposta em torno do enriquecimento de urânio para tentar, assim, destravar as negociações com o Irã.

"A Turquia mantém boas relações com os iranianos, além de compartilharem uma fronteira física, o que facilitaria o transporte do urânio iraniano", disse ele à BBC Brasil.

Alencastro: Lula põe prestígio internacional em jogo com viagem ao Irã


Depois de três resoluções contra o Irã, aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU, os Estados Unidos e outros países esperam a aprovação de uma quarta rodada de sanções.

Eles acusam o Irã de secretamente planejar a construção armas nucleares, o que é negado por Teerã.

Esperança
De acordo com a imprensa do Catar, o Brasil simboliza uma nova esperança, junto com a Turquia, de conseguir convencer o governo iraniano a aceitar uma proposta sobre seu controverso programa nuclear.

"Lula, com seu carisma e liderança internacional, pode fazer o que americanos e europeus ainda não conseguiram, convencer o Irã a negociar", disse o jornal Al Watan.

Outro jornal, o Al Sharq, fala em um "Brasil com novo status internacional, com grande respeitabilidade no Oriente Médio".

O Catar, segundo o embaixador Nahes, expressa simpatia e apoio à mediação conjunta brasileira e turca.

"O Catar tem boas relações com o Irã e com o mundo árabe, e um apoio deste país dá ainda maior peso à proposta de Brasil e Turquia", disse.

De acordo com Nahes, o Catar vem tomando um protagonismo diplomático no Oriente Médio que sempre foi de Egito e Arábia Saudita, dois países que são a favor de novas sanções contra o Irã.

"Há uma nova visão do Catar de que novos atores precisam ser inseridos para intermediar uma solução".

Segundo ele, o país árabe tem um interesse natural em ver a crise iraniana resolvida, pois teme que uma escalada de tensões entre o Irã e o Ocidente leve a um conflito na região.

Além de encontros oficiais com autoridades do país, Lula participará também de um seminário de empresários brasileiros e árabes para possíveis investimentos mútuos.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Lula inicia pela Rússia série de viagens que tem Irã como tema central

Camila Campanerut*
Do UOL Notícias
Em Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva inicia nesta quinta-feira (13) uma série de viagens pelo exterior para reforçar acordos bilaterais e de cooperação em áreas estratégicas como ciência, tecnologia e agricultura. Além de visitar a Rússia e o Catar, a visita mais esperada é ao Irã, onde será discutida a questão nuclear do país. Na semana que vem, Lula ainda vai à Espanha e a Portugal para participar de duas cúpulas.

A primeira parada, que vai durar dois dias, é na capital russa, Moscou, onde Lula deve se reunir com o presidente, Dmitri Medvedev, e o primeiro-ministro, Vladimir Putin. Nos encontros será debatida a possibilidade da aplicação de moedas locais no comércio bilateral, a participação brasileira no desenvolvimento do sistema russo de navegação por satélite e o acesso de produtos agropecuários aos mercados dos dois países.

Tanto Rússia como Brasil mantêm o discurso de que há espaço para negociações com o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad, com quem Lula terá um encontro no domingo (16). Ambos discordam dos Estados Unidos, entre outros países do Ocidente, que acusam o Irã de produzir secretamente armas nucleares, e não apenas produzir energia nuclear para fins pacíficos, como alternativa à geração de eletricidade, por exemplo.

“O Brasil defende para o Irã o mesmo que o Brasil tem, o que está colocado na sua Constituição. Todo mundo tem o direito de utilizar [a energia nuclear] para fins pacíficos. O limite é manter a paz”, repetiu Lula, após reunião com presidente do Líbano, Michel Sleiman, no Itamaraty, no último dia 22.

Depois da Rússia, Lula vai ao Catar para retribuir a visita que o Emir Hamad bin Khalifa Al Thani fez a Brasília, em janeiro deste ano. Será a primeira visita de um mandatário brasileiro ao país. No sábado (15), as discussões dos dois líderes incluem a assinatura de acordos nos setores de cultura, esporte e turismo.

Já na capital iraniana, Teerã, Lula terá primeiramente um encontro privado com Ahmadinejad, seguido de uma reunião ampliada e assinatura de atos de cooperação. Ainda no domingo (18), ele se reúne com o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, e participa do encerramento do Fórum Empresarial Brasil-Irã.

A expectativa do governo é que a viagem do presidente brasileiro possa auxiliar no processo de entendimento e de diálogo, incentivando o Irã a se a posicionar de forma a diminuir as dúvidas e as pressões internacionais. Lula pretende reforça o papel do Brasil para garantir um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) – posição pleiteada pelo país com veemência nos últimos anos.

*Com agências internacionais