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Palestina (em
árabe:
فلسطين, translit.
Filasṭīn; em
hebraico:
פלשתינה; em
grego:
Παλαιστίνη, transl.
Palaistinē, e em
latim:
Palæstina), é a denominação histórica dada pelo
Império Britânico a uma região do
Oriente Médio situada entre a costa oriental do
Mediterrâneo e as margens do
Rio Jordão. O seu estatuto político é disputado acesamente.
A área correspondente à Palestina até
1948 encontra-se hoje dividida em três partes: uma parte integra o
Estado de Israel; duas outras (a
Faixa de Gaza e a
Cisjordânia), de maioria árabo-palestiniana, deveriam integrar um estado palestiniano-árabe a ser criado - de acordo com a
lei internacional, bem como as determinações das
Nações Unidas e da anterior potência colonial da zona, o
Reino Unido. Todavia, em
1967, a Faixa de Gaza e a Cisjordânia foram ocupadas militarmente por Israel, após a
Guerra dos Seis Dias.
Há alguns anos, porções dispersas dessas duas áreas passaram a ser administradas pela
Autoridade Palestiniana, mas, devido aos inúmeros ataques terroristas que sofre, Israel mantém o controle das fronteiras e está atualmente a construir um muro de separação que, na prática, anexa porções significativas da Cisjordânia ocidental ao seu território.
A população palestiniana dispersa pelos países árabes ou em
campos de refugiados, situados nos territórios ocupados por Israel, é estimada em 4.000.000 de pessoas.
O nome
A região era chamada de
Palastu pelos
assírios.
[1]
A palavra Palestina deriva do grego
Philistia, nome dado pelos autores da
Grécia Antiga a esta região, devido ao facto de em parte dela (entre a actual cidade de
Tel Aviv e
Gaza) se terem fixado no
século XII a.C. os
filisteus.
Os filisteus não eram
semitas e sua provável origem é
creto-
miceniana, uma das mais conhecidas (embora recorrentemente mencionadas) vagas dos chamados "Povos do Mar" que se estabeleceram em várias partes do litoral sul do mar
Mediterrâneo, incluindo a área hoje conhecida como
Faixa de Gaza. Segundo a tradição bíblica os filisteus seriam oriundos de
Caphtor, termo associado à ilha de
Creta. Este povo é igualmente referido nos escritos do
Antigo Egipto com o nome de
prst, por onde também passaram e foram repelidos.
No
século II d.C., os
romanos utilizaram o termo
Syria Palaestina para se referirem à parte sul da província romana da Síria. O termo entraria posteriormente na
língua árabe e é usado desde então para se referir a esta região.
A evolução histórica
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A Palestina, sendo um estreito trecho de favorável passagem entre a África e Ásia, foi palco de um grande número de conquistas, pelos mais variados povos, por se constituir num corredor natural para os antigos exércitos.
Em meados do século XV a.C. a região é conquistada pelo faraó
Tutmósis III, mas será perdida no final da XVIII dinastia, para ser novamente reconquistada por
Seti I e por
Ramsés II. Com o enfraquecimento do poder egípcio em finais do século XIII a.C., a região será invadida pelos
Povos do Mar.
Um destes povos, os filisteus, fixa-se junto à costa onde constroem um poderoso reino. Contemporânea a esta invasão é a chegada das
tribos hebraicas, lideradas por Josué. A sua instalação no interior gerou guerras com os filisteus, que se recusam a aceitar a
religião hebraica.
As tribos hebraicas decidem então unir-se para formar uma monarquia, cujo primeiro rei é
Saul. O seu sucessor,
David (início do I milénio a.C.) derrota finalmente os filisteus e fixa a capital do reino em
Jerusalém. Durante o reinado do seu filho,
Salomão, o reino vive um período de prosperidade, mas com a sua morte é dividido em duas partes: a norte, surgirá o reino de Israel (com capital em
Samaria) e a sul, o reino de Judá (com capital em
Jerusalém).
Abrevie-se para afirmar que, salvo breves intervalos, a região foi dominada por outras potências tais como a
Assíria (
722 a.C.), os
babilônicos (fins do
século VII a.C.), os
persas aquemênidas (
539 a.C.), os
greco/macedónios (
331 a.C. permanecendo em poder dos
ptolomaicos de 320 a 220 a.C. e dos
Selêucidas de 220 a 142 a.C.) passando por uma retomada pelos locais
Asmoneus que dominaram daí até o ano de
63 a.C. quando sobreveio o domínio
romano, época da qual a maioria das pessoas tomou conhecimento (embora fantasioso) pela filmografia recente.
No ano de
66 d.C. inicia-se uma rebelião dos judeus que foi fortemente reprimida pelos romanos com a destruição do templo de
Iavé no ano de 70, e só no ano de 131 a
pax romana foi novamente abalada por rebeliões ao fim das quais o imperador
Adriano tornou Jerusalém na
Colonia Aelia Capitolia.
Passando pela divisão do
Império Romano, a região viveu entre
324 d.C. e
638 d.C., extrema prosperidade e crescimendo demográfico, sendo de se considerar que a esta altura a população era de maioria cristã, aliás, religião oficial do
Império Bizantino.
No ano de 614 a região acaba de ser ocupada pelos persas
Sassânidas que mantém seu jugo até o ano de 628 e no ano de 638 toda a região está sob o domínio
árabe muçulmano.
De 1517 a 1917 o
Império Otomano controla toda região (incluindo
Síria e
Líbano).
No século XIX (1880 em diante), judeus começam a migrar para a região comprando terras.
Durante a
1ª Guerra Mundial, o
Império Otomano apoia a
Alemanha, acabando derrotado, com a ajuda de povos árabes que auxiliam às tropas aliadas, com a promessa da constituição de um estado árabe independente, no
médio oriente. Na sequência do final da
1ª Guerra Mundial (1917), a parte sul do
Império Otomano foi atribuído à
Grã-Bretanha (
Jordânia,
Israel e Palestina) e à
França (
Líbia e
Síria).
Em 1923 a
Grã-Bretanha divide a sua zona em dois distritos administrativos, separados pelo
rio Jordão, sendo que os
Judeus apenas seriam permitidos na zona costeira, a oeste do rio (cerca de 25% da parte britânica). Os
árabes dessa zona rejeitam a divisão, receando tornar-se uma minoria e incitados pelo crescente nacionalismo árabe no médio oriente, assim como apoiando-se no acordo pós
1ª Guerra Mundial.
A
Grã-Bretanha entrega a resolução do problema às
Nações Unidas em 1947. A Assembleia Geral das Nações Unidas determina a partilha da Palestina (os 25% em disputa) entre um Estado Judeu e outro Estado Árabe baseado na concentração das populações, através da resolução 181. A 14 de Maio desse ano os israelitas declaram a constituição do estado de
Israel, levando à declaração de guerra por parte de
Egipto,
Jordânia,
Síria,
Líbano,
Arábia Saudita,
Iraque e
Iémen. Nos 19 meses seguintes, na chamada
Guerra da Independência,
Israel acabaria por perder cerca de 1% da sua população, mas sairia vencedora, formando um pais maior que o inicialmente proposto pelas
Nações Unidas dois anos antes.
Egipto e
Jordânia ocupam o território restante.
Em 1967,
Egipto,
Jordânia e
Síria mobilizam os seus exércitos, com vista à destruição do estado Israelita. Naquela que ficaria conhecida como
Guerra dos seis dias,
Israel derrotou os três exércitos em outras tantas frentes, ocupando a península do
Sinai (
Egipto),
Colinas de Golã (
Síria) e
Cisjordânia (
Jordânia), incluindo o total controlo sobre
Jerusalém. Desde esse ano
Israel adoptou uma política destinada a promover a instalação de colonatos civis israelitas, expropriando terras aos palestinianos e construindo as casas para os seus cidadãos. Esta atitude é uma violação da Convenção de Genebra, que proíbe os vencedores de uma guerra de colonizar terras estrangeiras anexadas.
O presidente americano
Jimmy Carter, em 1978, juntou o presidente egípcio (Sadate) e o primeiro-ministro israelita (
Begin) em
Camp David, a fim de estabelecer o primeiro tratado de paz de sempre entre israelitas e árabes. Foi aqui acordada a devolução da península do
Sinai, retirando os colonatos aí existentes, bem como o restabelecimento de laços políticos e económicos.
No ano de 1982,
Israel devolve a península do
Sinai ao Egipto.
O domínio árabe
Ao contrário de várias potências que por ali só estenderam seu domínio de passagem, as vezes legando a administração da região a potentados locais, os árabes (à semelhança dos antigos
hebreus)
se estabeleceram na região, e o primeiro elemento cultural que introduziram foi a língua uma vez que aparentada com o aramaico, obteve fácil aceitação.
Desde o ano de 660 até 750, vigorou o domínio
omíada, cuja capital era
Damasco datando daí a construção do
Nobre Santuário na
Esplanada das Mesquitas em Jerusalém, substituída pela dinastia dos
abássidas cuja capital era
Bagdá que dominou até o ano de 974, seguindo-se a dinastia dos
fatímidas que perduraram até o ano 1071.
Ao fim do longo domínio árabe de mais de quatro séculos, a religião
islâmica acabou amplamente majoritária, seguindo-se de uma pequena minoria de cristãos e um menor número ainda de judaítas Samaritanos, até quando, no ano de 1072, sobreveio a conquista da região pelos turcos
seldjúcidas que tinham capital em
Bagdá.
No ano 1099 com a
Primeira Cruzada europeus conquistaram Jerusalém e lá estabeleceram o seu domínio sob o nome de
Reino Latino de Jerusalém cuja existência periclitante em meio à sociedade islâmica se demorou até o ano de 1187 quando a cidade foi reconquistada por
Saladino.
As cruzadas
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O Império Otomano
Após a expulsão dos
Cruzados, a Palestina tornou-se parte do
Sultanato mameluco do
Egipto, integrada no distrito (Wilayah) de
Damasco.
Sob a administração
mameluca a região viveu cerca de 100 anos de prosperidade, com a consequente reconstrução de escolas, mesquitas destruídas ou negligenciadas durante o período dos Cruzados. Em torno de
1382 a expansão territorial dos
Mamelucos leva-os a confrontarem os
Mongóis, e posteriormente os
Otomanos. Estas campanhas vão estender-se até
1516, quando as forças do
Sultão Selim I derrotam os Mamelucos na batalha de Marj Dabiq, e ocupam a totalidade da Palestina.
Durante os próximos 400 anos, o nome Palestina praticamente desaparece, pois a designação oficial sob a administração
turca, uma vez que estes dividem o território em sub-províncias (vilayet) que recebiam o nome da sua cidade capital (ex.: vilayet de
Sídon).
Em
1799, durante a
Guerras Napoleónicas, e no âmbito da
Campanha do Egito, as tropas napoleónicas invadem por pouco mais de um mês as cidades de
Jaffa,
Haifa e
Caesarea; é ainda nesta altura, durante o cerco a
Acre, que um estadista europeu publicamente avança com a ideia de um estado
judaico na Palestina. De facto,
Napoleão tinha uma proclamação preparada nesse sentido, mas nunca chegou a ser publicada.
Entre
1832 e
1840 esteve sob administração do
Egipto de Muhammad Ali, voltando à dependência directa do
Império Otomano no fim desse período.
Em
1873 a região é reorganizada administrativamente, sendo dividida em três grandes àreas: a Norte, de
Jaffa a
Jericó e o
Rio Jordão a pertencer ao
vilayet de
Beirute. De Jaffa, ao longo da costa até ao
Sinai, pertencia ao distrito de
Jerusalem, enquanto o restante território
Península do Sinai,
Deserto de Negev pertencia ao
vilayet de Hijaz, que se estendia até à parte ocidental da
Arábia.
É também em torno desta data que os primeiros emigrantes judeus europeus,
sionistas, começam a chegar à Palestina. A escola
Mikveh Israel tinha sida fundada em
1870 pela
Alliance Israélite Universelle, com o objectivo de ensinar aos colonos como cultivar a terra, por forma a obter os melhores resultados. As terras exploradas por estes colonos eram arrendadas directamente à administração Turca.
Apesar das designações oficiais, o termo
Palestina foi utilizado de forma informal, não só pelas populações locais, como em algumas situações, mesmo pelos Otomanos; a partir do
século XIX a expressão
Arz-i Filistin (A Terra da Palestina) aparece em vários documentos oficiais para indicar uma região a Oeste do
Rio Jordão num sentido lato.
O
Império Otomano era um dos membros da
Tríplice Aliança, e portanto inimigo da
Inglaterra na
Primeira Guerra Mundial. Os ingleses, sobretudo a partir do
Egipto lançaram várias ofensivas contra os
turcos, nomeadamente através das acções de
Lawrence da Arábia, que à frente das forças arabes conquista a região, chegando até
Damasco a
1 de Outubro de
1918. Contudo, um ano antes, a 2 de novembro de 1917, o então ministro britânico dos Assuntos Estrangeiros,
Arthur James Balfour, havia enviado a
Lord Rothschild a carta, conhecida como a
Declaração de Balfour, na qual comprometia a
Inglaterra na criação de um estado judaico.
Com o
Tratado de Versalhes a Palestina no seu sentido lato é dividida entre a
França, que ocupa os actuais
Libano e a
Síria, e a Inglaterra.
O enquadramento legal desta situação será dado pelo
Mandato Britânico na Palestina, por decisão da
Sociedade das Nações, que, com base no
Acordo Sykes-Picot previa que a Palestina seria colocada sob administração internacional. Esta situação iria manter-se até ao final da
Segunda Guerra Mundial.
Do Mandato Britânico a Israel
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Apoiada no
Mandato Britânico na Palestina, o
Reino Unido estabelece uma administração semi-colonial, que apesar da
Declaração de Balfour é reticente quanto à emigração judaica, tentando apaziguar a reacção da população árabe - receosa de passar a ser uma minoria, por um lado, e por outro sentindo-se traída pelas promessas feitas por
Lawrence da Arábia durante a guerra contra os
turcos a
Faiçal, e depois quebradas.
A insatisfação é crescente entre os grupos de sionistas. Então, já em
1931, surge o primeiro grupo
terrorista conhecido como tal, o
Irgun. Essa força para-militar sionista consistia em apressar a criação do estado de Israel pela imposição da força, expulsar e massacrar os povoados palestinianos que se recusavam a vender suas terras aos sionistas, tal como vemos aconteceu com vila
Deir Yassin.
A ascensão do
Nazismo e as perseguições aos judeus aumentam a pressão migratória sobre a administração inglesa, que, face a uma crescente oposição árabe, à qual não é estranha a ajuda nazi ao Grão-Mufti de Jerusalém, Mohammad Amin al-Husayni, na propaganda antijudaica, fecha cada vez mais os portos, chegando mesmo a repatriar emigrantes judeus para a
Alemanha nazi.
No final da
Segunda Guerra Mundial, os sobreviventes do
Holocausto são impedidos de emigrar para a Palestina pela administração britânica. Os ânimos de ambos os lados exaltam-se e são acompanhados por uma escalada de violência que a Inglaterra já não consegue conter.
O Reino Unido, enfraquecida pela guerra e debilitada pela acção dos grupos judaicos extremistas - que, após uma trégua durante a guerra, regressam mais activos e combativos no apoio à emigração clandestina e na luta armada - e de grupos árabes igualmente activos, entrega a administração da Palestina à recém-criada
Organização das Nações Unidas(ONU).
O aumento dos conflitos entre judeus, ingleses e árabes forçou a reunião da Assembleia Geral da ONU, realizada em
29 de Novembro de
1947, que
deliberou a partição da Palestina em dois estados, um judeu e outro árabe, que deveriam formar uma união económica e aduaneira.
A
14 de Maio de
1948 David Ben-Gurion declara o nascimento do
Estado de Israel, ao assinar a Declaração de Independência. A
Liga Árabe recusa esta partilha, e não reconhece Israel.
Da Fundação de Israel à actualidade
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Em
15 de Maio de
1948, um dia depois da fundação do Estado de
Israel, sete exércitos de países da
Liga Árabe atacaram Israel.
Durante a
Guerra árabe-israelita, estimulada pelos países árabes, a maioria da população árabe da Palestina foge para os países vizinhos (
Líbano,
Jordânia,
Síria e
Egito) em busca de segurança. Com a vitória de Israel, a maioria desses refugiados, cerca de 750 mil, fica impedida de regressar às suas terras.
É na sequência do trabalho efetuado no apoio a estes refugiados que nasce o
Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.
Após um período inicial de estadia nos países árabes vizinhos, muitos destes refugiados são expulsos desses países de acolhimento, dirigindo-se para o sul do Líbano, onde permanecem em campos de refugiados até hoje.
Em
1964, o Alto Comissariado da Palestina solicitou à
Liga Árabe a fundação de uma
Organização para a Libertação da Palestina (
OLP), cujo missão estatutária é a destruição do Estado de Israel. Em 1988, a OLP proclamou o estabelecimento de um estado palestiniano. O principal líder da organização foi o egípcio
Yasser Arafat, falecido em
2004. Arafat, após anos de luta contra
Israel, renegou a
luta armada, a violência e o
terrorismo e iniciou as negociações que levaram aos
Acordos de Paz de Oslo.
Desde
1994 parte da Palestina está sob a administração da
Autoridade Nacional Palestiniana, como resultado dos Acordos.
Atualmente a Palestina é governada pelo primeiro-ministro
Ismail Haniyeh, do
Hamas, e pelo presidente
Mahmoud Abbas, do
Fatah, tendo havido confrontos armados entre os dois grupos em Gaza em
2007.
Referências
Ver também