segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Obama avisa Assad que uso de armas químicas é "linha vermelha"

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, fala em uma entrevista não prevista a jornalistas na sala de imprensa da Casa Branca em Washington (reuters_tickers)
Por Matt Spetalnick

WASHINGTON, 20 Ago (Reuters) - O presidente norte-americano, Barack Obama, sugeriu nesta segunda-feira que os Estados Unidos poderiam cogitar uma intervenção militar no conflito sírio caso o governo de Bashar al-Assad ultrapasse a "linha vermelha" ao usar armas químicas ou biológicas.

Obama disse que "a esta altura" prefere evitar o envolvimento militar norte-americano, mas que haverá "enormes consequências" caso Assad não proteja seu arsenal de armas de destruição em massa.

Nas mais duras declarações de Obama sobre o assunto até agora, ele alertou a Síria não só para que não use armas não-convencionais, mas também para que não as mobilize de forma ameaçadora.

"Fomos claríssimos com o regime de Assad, mas também com outros atores no terreno, de que uma linha vermelha para nós é começarmos a ver ... armas químicas sendo deslocadas ou utilizadas", disse Obama. "Isso mudaria meus cálculos."



"Não podemos ter uma situação na qual armas químicas ou biológicas estejam caindo nas mãos de pessoas erradas", disse Obama em entrevista coletiva improvisada na Casa Branca. Ele admitiu não estar "absolutamente confiante" quanto à proteção dos arsenais sírios.

Candidato à reeleição, Obama reluta em envolver os Estados Unidos em mais uma guerra no Oriente Médio, e se recusa até mesmo a fornecer armas para os rebeldes envolvidos em 17 meses de rebelião contra Assad.

No mês passado, a Síria admitiu pela primeira vez que possui armas químicas e biológicas, e ameaçou usá-las em caso de intervenção estrangeira no conflito.

Países ocidentais e Israel temem que, em caso de erosão da autoridade de Assad, suas armas químicas possam cair nas mãos de grupos militantes da região. Israel disse que "agirá imediatamente e com a máxima força" caso o grupo xiita libanês Hezbollah, aliado de Assad, obtenha o controle das armas não-convencionais.

"Estamos monitorando a situação de forma muito cuidadosa. Montamos vários planos de contingência", disse Obama ao ser questionado sobre a possibilidade de os Estados Unidos usarem a força militar para pelo menos protegerem o arsenal químico sírio.

Obama também insistiu na necessidade de que Assad deixe o poder.

"A comunidade internacional passou uma mensagem clara de que, ao invés de arrastar seu país para uma guerra civil, ele deveria se movimentar na direção de uma transição política", afirmou. "Mas, a esta altura, a possibilidade de um pouso suave parece muito distante", admitiu.

O presidente disse ainda que os Estados Unidos já forneceram 82 milhões de dólares em assistência humanitária a refugiados sírios e que "provavelmente acabaremos fazendo um pouco mais" para evitar instabilidades em países vizinhos.

(Reportagem adicional de Alister Bull)

Reuters

domingo, 19 de agosto de 2012

Passaporte brasileiro faz família ser poupada em bloqueio na Síria

Vídeos e Fotos
Atualizado em 1 de agosto, 2012 - 08:12 (Brasília) 11:12 GMT



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quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Ex-primeiro-ministro afirma que Assad controla apenas 30% da Síria



Riad Hijab diz que regime está afundando "militar, econômica e moralmente"
Do R7, com agências




KHALIL MAZRAAWI / AFP
Riad Hijab concedeu sua primeira entrevista coletiva nesta terça-feira (14) e afirmou que o regime sírio está entrando em colapso


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O ex-primeiro-ministro sírio Riad Hijab, que desertou na semana passada, afirmou nesta terça-feira (14) que o regime do presidente Bashar al-Assad controla apenas 30% do território da Síria.

"O regime sírio controla apenas 30% do território da Síria", disse o ex-premier durante uma entrevista coletiva em Amã.

— O regime está afundando militar, econômica e moralmente.

Em sua primeira entrevista coletiva após deixar o governo sírio, Hijab pediu união dos opositores no exílio e que os oficiais do Exército de Assad se somem à revolução.

O primeiro-ministro disse que desertou de forma voluntária e negou que tenha sido destituído, como afirmou Damasco.

Conheça os terríveis centros de tortura de Assad

Fotos: a humanidade foi esquecida na Síria

Fontes governamentais jordanianas anunciaram que Hijab entrou na Jordânia em 8 de agosto, dois dias depois da televisão síria anunciar que seu mandato foi cassado.

"As brigadas do Exército Livre Sírio desempenharam um papel importante na minha saída da Síria", destacou o ex-primeiro-ministro, em referência aos rebeldes que o ajudaram a escapar do cerco militar montado pelo regime após sua deserção.

Hijab se declarou "inocente" do regime corrupto e disse que deixou o governo para servir à pátria e por estar insatisfeito. Além disso, prometeu ser "um soldado fiel de seu país entre os revolucionários" e afirmou que não deseja cargos no futuro.

Para o ex-primeiro-ministro, o regime só se sustenta graças à "opressão", enquanto o fosso entre governo e população está cada vez maior. "O governo não era capaz de satisfazer as esperanças do povo e parecia que eu estava contra o povo, mas só Deus sabe o que sofria quando escutava informações de bombardeios nas cidades", revelou Hijab.

O desertor agradeceu o apoio do rei jordaniano, Abdullah II, assim como da Arábia Saudita, Catar e Turquia, a quem pediu que sigam apoiando a revolução na Síria.

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sábado, 11 de agosto de 2012

EUA e Turquia já começam a discutir queda de Assad



Após encontro em Istambul, Hillary Clinton e Ahmet Davutoglu não descartam possibilidade de impor zona de exclusão aérea sobre a Síria. Conflito na fronteira com Jordânia aumenta tensão internacional.
Os Estados Unidos e a Turquia já querem se preparar para o período após a queda do presidente sírio Bashar al Assad. A declaração foi feita neste sábado (11/08) pela secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton, e o ministro turco do Exterior, Ahmet Davutoglu, após encontro em Istambul.
"Precisamos garantir que a troca de governo transcorra sem problemas e que não haja espaço para conflitos étnicos", ponderou Davutoglu. Clinton defendeu o apoio à oposição síria, a fim de garantir as instituições do Estado e a constituição de um governo democrático e pluralista. Os Estados Unidos já fornecem aos rebeldes equipamentos de comunicação e assistência médica. Clinton mencionou que 2 milhões de pessoas carecem de ajuda humanitária na Síria.
Os dois países indicaram, ainda, que poderão impor zonas de exclusão aérea sobre territórios sírios dominados pelos rebeldes. Ao ser questionada pelos jornalistas sobre essa possibilidade, a política norte-americana replicou tratar-se de uma alternativa que "precisa de uma análise mais aprofundada".
Clinton e Davutoglu ressaltaram que seus países vão desenvolver planos operacionais detalhados de apoio aos rebeldes. "Nossos serviços de inteligência, nossos militares têm responsabilidades e papéis muito importantes a cumprir. Então, vamos estabelecer um grupo de trabalho para fazer exatamente isso", disse a democrata. "Ninguém sabe quando o regime [de Assad] vai cair, mas esse dia vai chegar", acrescentou. Ambos reforçaram a necessidade de proteger as áreas onde estão armazenadas armas químicas, no caso de queda do atual presidente.

Batalhas sangrentas entre rebeldes e tropas de Assad se intensificam
Temor do "vácuo de poder"
As últimas sanções dos EUA contra o governo sírio, anunciadas nesta sexta-feira, têm como alvo a petrolífera estatal Sytrol, Segundo Clinton, elas visam "expor e romper" as ligações da Síria com o Irã e o movimento armado libanês Hezbollah, as quais têm prolongado a permanência do presidente Bashar al Assad no poder. "Continuaremos aumentando a pressão externa", prometeu.
A Turquia é considerada por muitos analistas um elemento estratégico na questão síria. Pelo menos 50 mil refugiados sírios buscaram proteção no país vizinho. Além disso, têm longa história as ligações comerciais e culturais entre os dois países.
Washington e Ancara também querem evitar o fortalecimento de grupos radicais com os conflitos, especialmente do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), considerado terrorista também pela União Europeia. Hillary ressaltou que a Síria não pode se tornar refúgio para os rebeldes do PKK originários da Turquia.
O Partido da União Democrática (PYD), aliado sírio do PKK, afirma deter o controle de várias cidades ao longo da fronteira com a Síria. A informação fez soar o alarme em Ancara, que imediatamente aumentou as defesas na fronteira.
Davutoglu advertiu sobre o perigo de um "vácuo de poder" na Síria, que imediatamente seria aproveitado pelo grupo curdo. A secretária norte-americana mostrou-se preocupada que o PKK e ativistas da Al Qaeda "se apresentem como defensores legítimos do povo sírio, a fim de alcançar seus objetivos".

Refugiados sírios se acumulam em abrigos na Jordânia
Síria x Jordânia
Forças sírias e jordanianas se enfrentaram ao longo da fronteira entre os dois países durante toda a madrugada deste sábado. O embate aumentou a tensão internacional quanto á possibilidade de a guerra civil na Síria desencadear um conflito regional mais amplo.
Os confrontos teriam começado após a tentativa de refugiados sírios de cruzar a fronteira em direção à Jordânia. Segundo testemunhas, tropas de Assad abriram fogo, desencadeando o conflito na região de Tel Shihab-Turra, a 80 quilômetros da capital Amã. Não há registro de mortos.
As tropas da Jordânia já haviam enfrentado algumas vezes o Exército sírio desde o início dos protestos contra Assad, há 17 meses. A rota de fuga pelo sul da Síria foi usada inclusive pelo primeiro-ministro Riad Hijab, ao desertar, esta semana.
Os militares de Assad ainda tentam expulsar os rebeldes de Aleppo, a maior cidade da Síria, mas a oposição garante que vai resistir e reagir. Testemunhas também afirmam que os conflitos continuam intensos no centro de Damasco.
MSB/dpa,rtr,afp
Revisão: Augusto Valente